Eu havia desistido



Eu havia desistido de sonhar, de escrever, de viver...


Sentido não havia naquele dia em que a depressão resolveu me visitar e já avisou que não iria embora sem minha companhia levar.

Ficou tudo muito escuro, enquanto o relógio ainda batia 12h, o sol que outrora era luz deu espaço para uma nuvem cinzenta e carregada.

A inquietude cada vez crescia dentro de mim e ocupava os espaços que sobravam para um novo renascimento.

Pouco a pouco fui enfraquecendo e me rendendo àquela escuridão. Fui me entregando para não sei quem, fui me despedindo do meu outro lado.

A memória muito enfraquecida já tinha desistido de lutar, o coração já se encontrava sem cor, sem vida.

Muitas vozes, muito deboche, muitas risadas satânicas, cheiro forte de enxofre entrando pelas minhas narinas. Escuridão. Nenhum conhecido para me salvar daquele lugar. Medo.Renúncia. Lágrimas. Gritos vindo por todo lado.

Minha voz ecoava somente dentro de mim num grito clamando por socorro, mas era em vão, ninguém me escutava:

"Alguém? Alguém me tira daqui, quero voltar, quero a luz, quero o pulsar do meu coração de volta, quero o cheiro da vida de volta!!!"

Esse era o grito que ecoava em meu ser. Mas somente dentro de mim, somente eu escutava esses meus lamentos. Não ia mais adiantar gastar o resto de energia que ainda sobrava no meu interior.

Nada ia adiantar fazer para calar aquelas vozes, aquelas risadas. Nenhuma luz iria clarear aquela escuridão, nem a mais cheirosa rosa iria perfumar aquele lugar.

Desisti... Me entreguei... De repente tudo era silêncio... Adormeci... Adormeci não sei por quanto tempo.

De repente num sobressalto meus olhos se abrem, meu coração acelerado, respiração ofegante, um grito de "Socorro" ecoa naquele quarto escuro acompanhado de lágrimas que se misturavam ao suor escorrendo pela face.

Enfim acordei daquele pesadelo onde tudo era muito real e tive a certeza que meu coração ainda batia, a esperança ainda existia. E que tudo não passou de um grande e infeliz pesadelo.

Voltei!!!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um domingo qualquer

Maturidade

Outros sons