Filhos do coração


Uma vez passeando no shopping parei para pedir informação a uma mulher que segurava um bebê que aparentava ter 6 ou 7 meses e ali fomos andando e conversando.

Entre tantas outras conversas que tivemos naqueles passos vagarosos que andávamos, ela me contou que era mãe adotiva e enquanto me contava, uma lágrima desceu em seu rosto, não vou entrar no mérito do choro, pelo fato dela ter confiado em mim - até então uma estranha - e desabafou o que passava em seu coração.

Me lembro de ter dito a ela, que a adoção iniciou no momento que a vontade brotou em seu coração, que ali iniciava uma longa gestação. E como qualquer outra gestação demanda um tempo, meses de espera e temos que aguardar esse processo, é a lei natural da vida.

E continuei dizendo que ela também teve que aguardar esse tempo enquanto estava na fila de espera e depois enquanto tramitava a legalização da adoção, que nada mais era a gestação, só que aconteceu do lado de fora do corpo, mas que ao mesmo tempo crescia no coração.

E ali continuamos andando e conversando... ofereci ajuda para segurar as sacolas e a acompanhei até ao estacionamento, onde ela ficou mais um tempo desabafando e chorando.

Aquele bebê tinha acabado de despertar do sono e me olhou de uma forma tão doce, me ofereceu um sorriso tão inocente que não apagarei da memória tão cedo. Meus olhos lacrimejaram também, não sei se foi devido a história que escutei ou ao sorriso que ganhei.

Ela permitiu que eu segurasse a criança no colo e ali meu coração disparou ao sentir aquele cheirinho gostoso e me veio a certeza que aquele bebê tinha ganhado uma mãe que aguardou por longos anos sua gestação terminar e que esse tempo fez crescer dentro dela um amor maternal tão grande que não me restava dúvidas, aquele bebê tinha ganhado dos céus a melhor mãe do mundo.

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