A magia daquele lugar




Hoje fiquei pensando nos meus tempos de criança, cresci no meio de 3 irmãos e 1 irmã, vivíamos sem mimos, sem luxos, sem tecnologia, não tínhamos brinquedos caros, brincávamos no meio da rua e dividíamos o mesmo quarto.

Nas férias ou feriados prolongados era certo que íamos para roça. Ali juntava primos, quase todos da mesma idade, amigos, tios e a festa estava garantida.

O caminho até a casa tínhamos que passar por uma longa estrada de terra onde era possível observar a poeira subindo e ficando para trás. Abríamos porteira, fechávamos porteira e assim íamos até chegar na casa do vô, que na minha visão não era simplesmente uma casa, era um lugar mágico.

Durante o dia tínhamos todo o pasto para correr, cercas para pular e um grande rio para nadar.

Nos dias frios aquecíamos na beirada do fogão a lenha, ou em volta da fogueira que os adultos preparavam a noite, e ali em uma roda, cantávamos ao som da viola.

A serpentina era responsável pelos banhos quentes e a cisterna pela água que abastecia a casa.

Assim que acordávamos corríamos pelo pasto, de pés descalços e voltávamos cheios de carrapatos. Esperávamos, ansiosos, pela autorização dos nossos pais para irmos no rio nadar, ali era outra farra, era água pra todo lado.

Lembro dos adultos informando as horas olhando para o céu, confesso que até hoje não sei como eles conseguiam informar com tanta exatidão!

Na hora da pescaria, nenhuma criança podia ir, porque segundo os adultos, nós conversávamos demais e isso espantava os peixes.

Então ficávamos ali esperando, ansiosos, para ver a quantidade que eles conseguiram pescar e ajudávamos a limpar.

Naquele lugar não tinha energia elétrica, luz somente do sol ou da lua, a noite algumas velas e lamparinas ajudava a clarear o ambiente.

Televisão, brinquedos, parques de diversões, nada disso nos fazia falta enquanto passávamos as férias ali.

Quanta recordação guardo daquele lugar, que só de lembrar me vem uma vontade de chorar.

Espero um dia, sentada em uma cadeira de balanço, essas histórias aos meus netos poder contar.

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